Atualmente na medicina veterinária muitas são as especializações e áreas da clinica médica e cirúrgica de que nossos pacientes podem se beneficiar. Nos últimos anos, em especial nas últimas duas décadas, o clinico geral viu surgir novas áreas para atuar ou novas ferramentas para utilizar.
Aquela ideia antiga de que o clínico geral tem que saber tudo e virar, como dizia um professor meu da faculdade, o Dr. Praticão, caiu por terra. A possibilidade de tratar os nossos animais com pessoas de profundo conhecimento em determinadas áreas, é uma realidade.
O especialista é, na maioria dos casos, um clínico que iniciou uma ou duas especializações e que ao fim de 2 anos (em média) recebe o titulo de especialista. Cardiologia, endocrinologia, oftalmologia, acupunturista, fisioterapeuta – são algumas das especialidades existentes.
E o que o clinico geral tem haver com isso? TUDO.
O clínico geral tem um papel fundamental no desenrolar de qualquer tratamento realizado em seu paciente, mesmo quando esse é feito por um especialista. Normalmente o especialista recebe o paciente já com um diagnóstico (ou indicação de problema) feito por um clínico, institui o tratamento e observa o resultado dentro de sua área. O especialista tem uma visão partitiva do animal. Acontece que o animal não é apenas “um coração” ou “um olho”. Ele é um conjunto, um organismo, que deve sempre ser observado e avaliado como tal – coisa que muitas vezes não é feita.
É comum atendermos pacientes com múltiplas alterações e estarem passando com 2, 3 ou mais especialistas. Com cada um olhando para o seu umbigo é comum algumas alterações passarem despercebidas, cabe ao clinico geral avaliar sempre o que está acontecendo no todo e tomar as devidas providências. Tem que existir um jogo de cintura do clinico para gerenciar o tratamento do “resto” do animal com o tratamento instituído pelos especialistas.
O que acontece, infelizmente, é que muitos clínicos diagnosticam (ou não) determinada alteração e encaminham para o especialista e simplesmente desaparecem. É responsabilidade do clínico avaliar em conjunto com o especialista se o tratamento está ou não surtido efeito, ou se precisa ser revisado.
O bom clínico não é aquele que serve apenas para uma vez ao ano vacinar o seu animal e que quando aparece o primeiro problema (e eles vão aparecer) aplica corticóide ou encaminha ao especialista tirando depois o corpo fora. O bom clínico é aquele que reconhece os seus limites e não “tenta dar um jeitinho”! Diagnostica e encaminha para um especialista, acompanhando o desenrolar do caso dando suporte caso seja necessário.
Tenham todos uma ótima semana!
Dr. Huber A. N da Gama Filho