Em plena era da correria, da pressa, da falta de tempo para fazer tudo o que gostaríamos, estamos continuamente olhando para fora.
Olhamos continuamente para fora da janela de nossas vidas, esperando que as coisas boas aconteçam. Mas e se as respostas não estiverem fora?
Vou propor um breve exercício aqui, o que é que procuramos para denominarmos felicidade?
O mais estranho é que o que mais interessa não são as coisas que respondeu, mas sim a quem perguntou. Para sabermos o que é felicidade, o que nos faz bem, olhamos para dentro e não para fora, certo?! Perguntamos a nós mesmos o que queremos.
E quanto aos nossos animais? Como sabermos o que é felicidade para eles?
Acredito que quase da mesma forma…Olhando para dentro. Só que dessa vez, dele.
Quem convive com animais sabe que se ajustarmos nossos “óculos” de forma cuidadosa, conseguimos perceber o que os faz felizes. O que lhes causa alegria ou tristeza. Eles são muito mais dicotômicos que nós e, naturalmente, mais fáceis.
Para alguns a bolinha, a coleira, o prato de comida, a chave na porta quando o tutor chega em casa, o afago na barriga, são os motivos da sua felicidade. Porque pensar que isso muda quando ficam mais velhos? Quando não conseguem ir até a porta nos receber?
A bolinha, o barulho da chave e o afago na barriga podem continuar levando a alegria para aquele animal que não está (temporariamente ou definitivamente) se locomovendo sozinho. E essa felicidade não é menor ou pior que a antiga, é apenas diferente em alguns (poucos) aspectos.
Quando se trabalha muito tempo com animais, principalmente animais idosos ou com limitações, também fica um pouco mais fácil de perceber as diferenças no olhar, na vivacidade e na forma com que eles interagem com o ambiente quando estão cheios de vida e alegria.
Ouvimos questionamentos o tempo todo sobre a qualidade de vida de um ou outro paciente. Se ele sofre, se vai sofrer, se essa ou aquela condição é justa, ou não. Mas mais uma vez, aqui, o que precisamos fazer para obtermos as respostas, é: olhar para dentro. O animal fala, e, diferentemente do ser humano, ele é sempre honesto e franco em seu discurso. Mesmo que as palavras usadas não sejam as mesmas que as nossas.
Portanto, quando formos pensar no que é melhor para o nosso companheiro de outra espécie, a primeira coisa é perguntar para ele e olhar lá no fundo de seus olhos para obtermos a resposta.
Qualidade de vida, bem estar, felicidade, tristeza, alegria. Todas essas definições além de individuais, são mutáveis ao longo de nossas vidas e extremamente subjetivas.
Precisamos conhecer profundamente os seres que convivem conosco, primeiramente. E depois, precisamos analisar cada mudança, cada olhar, cada abano de cauda, cada bolinha babada jogada em nosso colo, para termos uma perspectiva sobre qual o tamanho da felicidade desse ser e como podemos influenciar positivamente em seu bem estar e qualidade de vida.
Dor, idade avançada, problemas neurológicos, câncer… Todas essas situações difíceis podem “roubar” qualidade de vida de nós. Mas o quanto resta de força, alegria e felicidade para lutarmos pelo bem estar – seja nosso ou deles – é totalmente individual.
Autora:
MV Dra. Carolinne Torres
Acupunturista