Como a valorização da profissão do médico veterinário depende de cada um que a representa
Apesar de muito escutar sobre a ética profissional na medicina veterinária, gostaria de salientar que poucos são os que de fato conhecem o código de ética e suas atualizações. Este código está disponível no site do conselho federal de medicina veterinária, mas também pode ser obtido nos sites dos conselhos regionais pelo Brasil afora.
Nós do Centro de Reabilitação Veterinária Flor de Lótus iremos, nos próximos meses, colocar trechos importantes do nosso código de ética nas nossas redes sociais. O intuito disso será trazer ao conhecimento de todos, alguns pontos importantes e que acabam gerando frustrações em colegas, muitas vezes por não conhecerem bem seus direitos e deveres.
A valorização profissional é uma questão muito delicada e que depende, primeiramente, de um posicionamento interno de cada profissional para, apenas então, ser observada, respeitada e acatada pelos demais colegas e tutores de animais. E corroborando com isso, quanto mais colegas veterinários valorizarem a própria profissão e área de atuação, mais destaque e valorização nossa profissão terá de forma global.
Teste rápido:
Quando você passa o valor dos seus honorários para um cliente você fica confortável com essa situação? E no caso dele pechinchar, como você se sente sobre isso?
A desvalorização profissional pode morar tanto na baixa qualidade de ensino (e na existência de um público de alunos consumidor, para tal) quanto na desestruturação profissional com a desagregação de médicos veterinários cada vez maior, buscando a individualidade e a informalidade como meio de não receberem críticas sobre suas condutas (ou pontos de vista diferentes) e de “reduzirem sua carga de trabalho” como subterfúgio para melhorar a sua qualidade de vida (sem pagar impostos, por exemplo, os veterinários podem atender menos e ganharem mais).
A desvalorização profissional não está também meramente relacionada à baixa remuneração, dentro dela está incrustada uma série de coisas que vão além daquilo que é palpável, permeando também o intangível, como a baixa autoestima de alguns profissionais, doenças como a depressão e o burnout, cada vez mais comumente diagnosticados, e que não são nem a causa nem a raiz dos problemas, mas permeiam eles de forma bem clara.
Uma grande questão que ocorre no nosso mercado de trabalho brasileiro – não apenas veterinário – é a culpabilização dos setores de empreendedores e empregadores, tidos como grandes vilões. Obviamente temos pessoas e empresas voltadas ao lucro pelo lucro, como se os “fins justificassem os meios”, mas temos muitos que buscam trabalhar dentro da ética, empregando e dando condições de sustento para inúmeros trabalhadores e suas famílias.
Ponto importante:
Fazer isso (ser empreendedor ou proprietário de empresa) num país como o Brasil, cuja taxa tributária é altíssima, com pouco retorno para quem emprega e para o empregado, e as leis, que algumas vezes mais atrapalham do que ajudam os setores que são afetados por elas, é um grande malabarismo, para não dizer mágica pura!
A fuga que existe nos discursos que colocam a culpa de uma má valorização no próximo e não em si é um grande problema, pois não levará a uma resolução. A desvalorização da profissão não é apenas o “patrão” quem faz, mas sim o próprio profissional que compactua com situações antiéticas ou que saem de uma situação ética para vivenciarem esse “estado de liberdade” da informalidade do mercado autônomo ou de contratações informais e indevidas (não emissão de notas ou emissão como MEI, por exemplo).
Não é uma questão simples e muito menos de achar um “bode expiatório” culpado, portanto simplificar saídas para resolver um problema complexo, não parece algo coerente.
Mas com a entrada de grandes investidores em nosso setor – grandes grupos nacionais ou internacionais – há a necessidade de trabalharmos esse assunto, querendo ou não, gostando ou não. Pois todos seremos (se já não estivermos sendo) afetados. Seja você, leitor, um tutor de animal de estimação, seja você, um colega veterinário.
A união dos seres humanos nos tornou uma sociedade próspera, nos fez crescer e alcançar diversos progressos ao longo da nossa existência. Portanto, será que está na segregação de nossa classe e profissão a resolução da desvalorização profissional? Será realmente que os colaboradores e funcionários atuando no modo “eu contra eles”, dentro de seus ambientes de trabalho, ou até fora dele, irão conseguir conquistar sua valorização?
Deixamos aqui essas perguntas para fomentar mais discussões e encontrarmos mais e mais pontos de vista para melhorarmos juntos o nosso mundo veterinário!
Acreditamos que um primeiro passo, um primeiro grão de areia, é sabermos mais sobre nossos deveres e direitos. Escolhemos, para iniciarmos esse processo, o nosso código de ética. Portanto, fiquem atentos, nas próximas semanas e meses iremos trabalhar esse assunto de forma extensa e com o intuito de gerarmos uma discussão saudável entre todos os envolvidos (@flordelotusvet). Buscando com a luz do conhecimento, munir a todos com o poder de se valorizar de forma ética e coerente.
Texto de Carolinne Torres
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